Cai em gotas a chuva que todo ano
neste mês, nestes dias, se apresenta
com seu manto molhado e sufocante
sobre gente, animais, prédios, antenas
voltadas para o bem ou para o mal,
enquanto os carros vão como centauros
tolhidos em seus cascos contra o vento
e as poças se acumulam nas sarjetas,
cobrindo o meio-fio e as rachaduras
profundas que há nas pedras, no cimento
das calçadas quebradas, sob rodas,
sob pés sobretudo. Sobrenada
sob esta chuva o medo, a intensa angústia
nascida como um cancro não sei onde.
Nenhum comentário:
Postar um comentário